O tempo do bebês

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Hoje eu posso dizer que ter filhos transformou a minha vida. Apesar da frase ser um clichê entre as mães, eu me enquadro perfeitamente nela, por mil e um motivos, que eu venho expondo em textos intemináveis sobre maternidade, que me ajudam a colocar pra fora todas as delícias e as angústias de ser mãe.
Mas um dos motivos mais evidentes nessa transformação é o aumento da minha paciência, quase sempre no limite de explodir. Depois de ser mãe eu preciso esperar o tal do “tempo do bebês”. Claro que eu continuo sem paciência para o resto do mundo e para determinadas pessoas, pois isso faz parte de quem eu sou, mas me surpreende a paciência que aprendi a ter com o meus filhos. Não foi um processo fácil e é quase uma luta diária tão grande quanto se desvencilhar de uma droga que consome seu corpo e sua alma. Estou aprendendo a desacelerar, com eles e por eles.

Gente impaciente é explosiva, quer tudo ao seu tempo, tudo é prioridade e para ontem. Eu coloco a mão na massa e movo mundos e fundos pra fazer o que eu quero e na hora que eu quero. Se o que eu quero depender de mim, estará feito. Ou estaria. Porque uma das coisas mais difíceis de entrar na minha cabeça dura é que o tempo dos bebês e o meu não são os mesmos.

Meus filhos não querem dormir quando eu quero que eles durmam. Eles não mamam quando quero que eles mamem. Não mamam rápido porque eu estou com pressa, ou cansada ou com sono. Eles não deixam de sujar as fraldas ou regurgitar na roupa quando estamos de saída e eu estou atrasada. Eles não sabem que não tenho tempo para que eles não faça nada “errado”. Eles nem sabem ainda o que é certo e errado de forma contundente.

Meu filho come mastigando cada pedacinho de comida devagar e pacientemente, aprovando cada novo sabor que o mundo e eu lhe apresentamos. Não adianta acelerar o tempo da colher indo pra boca. Se ele não terminou de mastigar vai rejeitar a colher e me fazer esperar que ele mastigue tudo até estar disposto a receber uma nova colherada de comida, sem nenhuma preocupação com o tempo.

Os bebês tem seu próprio tempo. Um tempo que não é o meu, não é o seu. É o tempo deles e, ainda assim, cada um desses pequenos seres tem seus tempos diferentes. Não é fácil lidar com isso, com essa falta de controle sob seres tão pequenos e dependentes de você, mas, aos poucos, vamos aprendendo a usar melhor nosso tempo juntos. Se eles vão demorar pra dormir, ao invés de me desesperar porque tenho outras mil tarefas a fazer, eu fico ali sentindo o calorzinho daqueles corpos pequenos e fofinhos, olhando pro rostinho angelical dos meu bebês, guardando cada pedacinho deles na minha mente, até porque eles crescem tão rápido que na próxima semana já estarão diferentes.

Se o bebê demora a comer, vamos contar uma história, fazer uma palhaçada para arrancar um sorriso ou uma gargalhada daquelas que só os bebês sabem dar e enchem o mundo de vida e a alma de calor.

E assim vamos nós, aprendendo um com o outros a cada dia e aproveitando esse tempo louco dos bebês, que não respeita nenhuma lei da Física, mas completa o coração de paz e alegria, porque algum dia, em um tempo breve, o tempo deles vai acelerar e vai voar tão rápido que não vai me deixar rastros e eu vou ter saudades desse tempo de hoje, desse tempo que, quando estamos juntos, parece que o tempo não passa.

 

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